Após revolucionar a área de alimentação, agora os cogumelos vieram com força total no mercado da moda. E contando com a ajuda dos fungos, empresas e grandes marcas de luxo que comandam o mercado, firmaram parcerias e estão desenvolvendo pesquisas e peças feitas com o chamado popularmente “couro de cogumelo”. 👜🍄
Esse número crescente de marcas e grifes interessadas no tecido inovador é um reflexo da preocupação dos consumidores pela diminuição das suas pegadas de carbono, do aumento na busca de produtos sem crueldade animal e das tentativas de utilização de materiais mais sustentáveis.
Sendo assim, devido ao interesse exponencial das pessoas pelo “couro vegetal” 🌱 e por outros tecidos ecológicos, as marcas e grifes estão se vendo obrigadas a gerar novas maneiras de pensar 💭e fazer a moda. E, diante deste cenário estão acontecendo inúmeras inovações tecnológicas propondo alternativas à base de plantas.
Então, se você é uma pessoa buscando optar por escolhas mais sustentáveis e conscientes, não deixe de conferir as novidades que abordaremos aqui!
“Couro vegetal” e a diminuição da pegada de carbono
A indústria têxtil é uma das maiores poluentes do meio ambiente, devido ao alto consumo de água, geração de efluentes e uso de matéria-prima animal. E dentro da lista de materiais com bastante impacto negativo na natureza está o couro animal.
Ao deixar de utilizar o couro tradicional é possível diminuir o abatimento de animais que estão sendo mortos apenas para a finalidade da indústria têxtil, como é o caso de cobras, crocodilos, entre outros, incluindo até mesmo bezerros recém-nascidos ou por nascer. Isso porque, diferentemente do que muitas pessoas acreditam, o couro animal não é confeccionado apenas com bichos abatidos na produção de carne.
É importante lembrar que a indústria pecuária, produtora de carne e derivados, é uma das maiores responsáveis pelas emissões dos gases de efeito estufa e pelo desmatamento global, tão prejudiciais para o meio ambiente. Além disso, na produção de couro é utilizada muita água e materiais químicos perigosos, tóxicos e cancerígenos, como o cromo e o arsênico.
Desse modo, o chamado “couro vegetal” pode ajudar bastante para diminuir o impacto ambiental no nosso planeta. Ao substituir a pele animal pela alternativa à base de plantas você diminuirá sua pegada de carbono, contribuindo para a preservação do nosso ecossistema. 🌀
Setor têxtil e produtos que imitam couro
Segundo a Lei 4.888, de 1965, é proibida a comercialização de produtos que utilizem o termo couro que não tenham a pele animal na sua confecção, ou seja, os termos como “couro vegetal” , “couro alternativo”, “couro à base de plantas” ou “couro de cogumelo” 🍄 devem ser utilizados com ressalvas. É por isso que as empresas que utilizam a biotecnologia patentearam sua própria nomenclatura aos tecidos vegetais produzidos com cogumelos.
Apesar do nome “couro” não poder ser utilizado, o material obtido através da manipulação do micélio presente nos fungos demonstra características semelhantes à da versão animal. Apresenta força, textura, maciez, durabilidade, elasticidade e com as vantagens de ser biodegradável, vegano, altamente customizável e eco-friendly. ♻️
Sendo assim, a alternativa de pele vegetal de cogumelo, supera os benefícios de outros produtos que tentam imitar o couro, mas que são produzidos com materiais de plástico, portanto, não ecológicos e menos resistentes do que os tecidos feitos com micélio.
Grifes e a utilização de “couro alternativo”
A partir de 2020 ocorreram avanços fundamentais na área de moda e sustentabilidade, com o interesse de players relevantes nas parcerias com as principais empresas de biotecnologia, produtoras de tecido feito com cogumelos. Saiba mais a seguir!
Hermès e MycoWorks
A grife francesa Hermès, uma das mais tradicionais e sofisticadas marcas de roupas e acessórios de alta costura, no começo de março de 2021, anunciou parceria com a startup californiana MycoWorks. Mas apesar do avanço na parceria com a MycoWorks, a marca Hermès ainda continua utilizando couros polêmicos, como o de crocodilo, em seus produtos.
O trabalho da MycoWorks é na área de biotecnologia, fundada por artistas, a empresa tornou-se importante referência no setor têxtil vegano e sustentável, recebeu investimentos de nomes como John Legend e Natalie Portman, além de uma rodada de US$ 45 milhões para desenvolver matéria-prima natural.
O “couro de cogumelos” da MycoWorks foi patenteado pela startup como Fine Mycelium. Ele é produzido através de uma amplificação de parte das células da raiz dos cogumelos, chamadas de micélio, fazendo com que o tecido seja formado através do entrelaçamento entre si e com outros materiais.
Mylo Consortium
Não é só a Hermès e a MycoWorks que estão desenvolvendo produtos têxteis feitos com cogumelos. Em 2009, foi fundada por Dan Widmaier, a empresa Bolt Threads, em Emeryville, também na Califórnia. A Bolt Threads que já recebeu US$ 213 milhões de investimento e fechou parceria com Stella McCartney, importante nome em moda sustentável, cria tecidos veganos partindo da biotecnologia, não só o “couro vegano“, como também, a seda feita com DNA de teias de aranha nomeada de Microsilk.
Embora tenha sido apresentado ao mundo no ano de 2018, o Mylo, produto da Bolt Threads, começou a ganhar mais visibilidade em 2020, quando nasceu o Mylo Consortium. Essa iniciativa foi uma união de importantes marcas como Stella McCartney, Adidas, Lululemon e o conglomerado Kering (composto por donos das grifes Gucci, Balenciaga e Saint Laurent). Os investimentos na Bolt Threads passaram de sete dígitos e Stella McCartney foi a primeira do grupo a criar peças com o Mylo.
Contudo, sabemos que apesar dos avanços tecnológicos e de mercado é urgente que a indústria da moda continue caminhando para um futuro mais sustentável, ampliando o acesso ao tecido feito com cogumelos. Então, esperamos que as peles que imitam couro, sem a utilização de poliuretano, cheguem mais rapidamente às prateleiras das lojas de diversas marcas e tornem-se uma realidade na vida de todas as pessoas.